Depois de muitas idas e vindas, mudança do projeto, entrada e saída de investidores, a Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP) teve hoje a sua ordem de serviço assinada. A solenidade, que aconteceu no futuro canteiro, as 10h, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), marcou o início de um projeto estruturante acalentado pelo povo cearense desde o início da década de 60, com o governo Virgílio Távora, que buscou na industrialização a principal alternativa para o desenvolvimento do Ceará. Quando se tornar realidade, em sua primeira etapa, a CSP terá capacidade de produzir três milhões de toneladas de aço por ano. Quantidade que dá para fazer mais de quatro milhões de carros - o dobro da produção brasileira anual. Seu investimento total, de R$ 7,6 bilhões, equivale à construção de 300 mil casas, ou seja, uma cidade 10 vezes maior do que São Gonçalo do Amarante, município onde ficará localizada a planta industrial. Considerado o maior projeto siderúrgico em curso no País, estima-se que a CSP gere um forte impacto no perfil econômico do Estado. De acordo com informações do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), o Produto Interno Bruto (PIB) cearense deverá ter um incremento de R$ 9,3 bilhões, a partir da expansão do empreendimento. Ainda em sua primeira fase de construção, a CSP vai gerar 15 mil empregos diretos, além de oito mil indiretos. São vagas que dariam para absorver mais da metade da população de São Gonçalo do Amarante. Depois de pronta, a planta - que tem como sócios a coreana DongKuk e a brasileira Vale - contará com quatro mil colaboradores, gerando também 10 mil postos de trabalho indiretos.
Um dos entraves, porém, é a mão de obra qualificada. Mas os executivos da Companhia garantem que dá para formar esse contingente durante os quatro anos de execução da obra. Para suprir esta lacuna, o Governo cearense iniciou em novembro último o processo de licitação para construção Centro de Treinamento Técnico Corporativo(CTTC). Previsto ficar entre os município de Caucaia e São Gonçalo, o centro de treinamento tem o custo estimado de R$ 27,5 milhões, sendo R$ 15,5 milhões destinado às obras e R$ 12 milhões em equipamentos. O Centro terá a capacidade para 16 mil pessoas. Com cursos voltados para a construção civil, eletromecânica e petroquímica, o CTTC deve começar a funcionar em 2010. A preocupação imediata é de atender o setor de siderurgia, que vai demandar pessoal tanto na implantação como para o desenvolvimento da produção necessitando de pessoas qualificadas.
Entra e sai governo
Os números dão a dimensão da envergadura do projeto, que é um compromisso pessoal do presidente Lula, tornado público na campanha de reeleição. Ante as idas e vindas da Petrobras - que participaria do empreendimento como fornecedora do gás natural, primeira matriz energética cogitada - o Governo do Estado assegurou do líder da Nação, que é nordestino, a instalação do empreendimento, hoje à cargo da DongKuk e da Vale.
Apesar de já ter sido alardeada no governo Tasso Jereissati, a siderúrgica teve impulso maior na gestão Ciro Gomes, em 1992, quando o Estado tentou iniciar os contatos e planejar um local para o investimento. No início, pensou-se no Mucuripe e até em Sobral, para viabilizar o empreendimento. Ficou nisto. Já Lúcio Alcântara chegou a anunciar a usina siderúrgica Ceara Steel, em 2005. Apesar da festa do lançamento e do anúncio da parceira com a iniciativa privada, tendo como sócios a DongKuk, a Petrobras e a italiana Danieli, a única coisa que restou foi o grande terreno vazio, onde chegaram a ser iniciados alguns estudos.
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