O Brasil caminha para a II Conferência de Economia Solidária que acontecerá de 16 a 18 de junho de 2010. Na Ceará haverá a II Conferência Estadual nos dias 16 e 17 de abril e em Caucaia dia 13/04, haverá um encontro de preparação e sensibilização sobre a temática com os produtores solidários do município.
Buscando contribuir com esse tema a partir da Campanha da Fraternidade, recentemente escrevi um texto intitulado: “Etnias e outra economia” publicado no Jornal o Povo em 19/02/2010. Desta vez, gostaria de refletir um pouco sobre a outra economia que podemos denominar de popular e solidária, ou ainda de socioeconômica que tem como princípio o comércio justo, ético, finança solidária, crédito solidário, moeda social e agroecologia como centro de equilíbrio do desenvolvimento sustentável. E ainda, a socioeconomia solidária se caracteriza por práticas fundadas em relações de colaboração solidária, inspiradas por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em vez da acumulação privada de riqueza. É essa a Economia Solidária, que traz em si uma nova prática de produção, comercialização, finanças e consumo que privilegia a autogestão, o desenvolvimento comunitário, a justiça social, o cuidado com o meio ambiente e a responsabilidade com as gerações futuras.
A Economia Solidária gera outro debate no que se refere à agricultura, quando se percebe que não basta só ter a terra, produzir sem agroquímicos, ela é também espaço de resgatar e recriar formas de comercialização coerente com a proposta agroecológica. Daí, a Economia Solidária passa a ser parte fundamental da construção da agroecologia, agregando diversos mecanismos de contraposição de superar a Economia Capitalista do agronegócio, com a organização dos camponeses e camponesas ampliando espaços de feiras agroecológica, como meio de estimular e recriar o resgate da cultura camponesa através de seus princípios, produzindo de forma coletiva a autogestão das suas atividades, resgatando o conhecimento tradicional, através de intercâmbios, organização em Redes de Agroecologia e Economia Solidária, cooperativas, associações, em fim, uma gama de alternativas como forma de resistir e se contrapor a imposição dos mercados capitalista.
Dessa forma a organização da produção a partir da agroecologia e a economia solidária se entrelaçam criando não somente alternativas de produção, mas também outras relações sociais baseadas na organização do trabalho coletivo e autogestionado, com respeito ao trabalho e as relações comerciais e dessa forma cria e recria diversas estratégias para enfrentar o mercado hegemônico, sob o princípio da solidariedade e da democracia para enfrentar os desafios do trabalho rural.
Esse caminho teórico, político, metodológico e prático é o que esta em construção no campo e na cidade envolvendo os produtores e produtoras Assentados da Reforma Agrária, da Via Campesina, do Movimento dos Sem Terra – MST, o Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, Quilombolas, a Agricultura Familiar e os Fóruns de Socioeconômica Solidária estaduais e nacional. Estas organizações são as principais forças produtivas da agricultura no Brasil, como podemos ver em trabalho de Leonardo Boff. “A agricultura familiar no Brasil representa 70% dos alimentos que chegam à mesa. Ela é responsável por 67% do feijão, 89% da mandioca, 70% dos frangos, 60% dos suínos, 56% dos laticínios, 69% da alface e 75% da cebola. Estes pequenos agricultores, articulados entre si e também em nível internacional, devem formular as políticas de produção, privilegiar os mercados locais e regionais e manter sob vigilância os mercados mundiais para inibir a especulação e impedir a formação de oligopólios.
A economia solidária no mundo de hoje, é a principal força que se contrapõe a produção mercadológica de acumulação e exploração da humanidade.
Leonardo Sampaio
Educador Popular e gestor em política participativa.
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